sexta-feira, 8 de abril de 2011

O Conto da Andorinha

Esperança, uma andorinha comum, nasceu no alto de uma pomposa e radiante árvore. Cercada dos cuidados de seus pais crescia forte e feliz, preparando-se para conhecer o mundo que todos os dias sorria para ela, convidando-a para a busca do infinito. Contudo, numa certa tarde nublada, maus ventos encarregaram-se de levar ao chão um galho daquela árvore, justamente o galho no qual estava o ninho de Esperança. A árvore, preocupada com as conseqüências da queda daquele seu galho, lutou contra esses ventos. Contudo não foi capaz de suportar a insistência daquela batalha e, infelizmente, o galho foi ao chão. Esperança dormia, apesar de nunca abandonar a sua sina pela busca na conquista da liberdade que o mundo lhe oferecia. Ao acordar, viu-se no chão. Desolada, buscou aconchego em meio à grama verde que lhe servia de assoalho. Assustada, não reconhecia ali nada familiar e então, cheio de tristeza, tornou ao seu ninho. Esperança enfraquecia com o passar dos dias. Sem ser lembrada, sentia fome e sede, e perguntava-se onde estavam aqueles que deveriam ampará-la naquele momento tão difícil. Novos ventos vieram. Não aqueles ventos que encarregaram-se de tornar o destino de Esperança tão incerto. Esses eram bons ventos. Fortes e constantes, esses ventos conduziram Esperança ao alto de um precipício. A vista daquele local era impressionante. Nada familiar para Esperança, mas o ambiente oferecia-lhe abrigo, possibilitava que saciasse sua fome e sede. Vivendo essa nova descoberta, Esperança sentiu que podia, ali, crescer e alcançar seus objetivos. Mas os dias passaram. E com o passar dos dias foi também passando a alegria de viver de Esperança. Para ela não fazia sentido viver e realizar-se sem a presença de seus semelhantes, pois a ninguém poderia oferecer a sensação do orgulho de suas conquistas. Acometida por incessante desânimo, Esperança resolveu lançar-se no precipício. Acreditava, ela, que a procura de novos desafios iria devolver a seu fado o sentido de sua existência. Assim, Esperança saltou. Ao ver-se em queda, Esperança foi tomada por um enorme desespero, pois lembrou que não havia aprendido a voar. Sem conhecer a razão pela qual tinha vindo ao mundo, Esperança desapareceu, engolida pelo precipício. Ao retomar sua consciência, Esperança percebeu-se cercada por inúmeras outras criaturas. Passou então a conhecer seus novos amigos. Esperança era a única naquele local que ali estava por acidente, pois todos os outros seres que ali estavam, cumpriam suas sinas. Às vezes, raios de sol podiam ser vistos lá no fundo daquele precipício, e quando isso ocorria, Esperança abria suas asas e refletia aquela linda luz para os seus amigos, que não podiam subir e ver aquela imagem. Quando agia assim, Esperança se imaginava voando em um céu sem fim.
Com o passar do tempo, Esperança percebeu que se tivesse aprendido a voar, aquelas criaturas nunca teriam a oportunidade de ver o quanto era agradável e afável a luz que vinha do alto. Esperança encontrou sua felicidade. Esperança encontrou a razão de sua existência. Esperança não nasceu para voar ao lado daqueles que possuem asas, mas para levar a beleza da vida àqueles que estão no fundo do precipício. Esperança, feliz andorinha, alegra-se, para sempre, somente por trazer paz aos que não vêem a luz.
(Por Júlio Cezar)

Sejam felizes!!!